A amizade consiste em um importante vínculo entre duas ou mais pessoas. Essa relação de proximidade reflete no desenvolvimento social, emocional e cognitivo. Além da partilha frequente de experiências e histórias, há um compromisso que promove a sensação de reconhecimento, proteção e pertencimento numa forte interconexão que se prologa ao longo do tempo.
Essa relação próxima ocorre entre pares, ou seja, há uma igualdade de natureza simétrica e horizontal. Trata-se de uma base de segurança extrafamiliar, porém um(a) amigo(a) de qualidade pode se tornar um(a) “irmão(ã) do coração”. A amizade interfere na forma como um sujeito enxerga a si mesmo, provocando um aumento na autoestima, ampliação das competências e desenvolvimento do ego. Quanto maior a qualidade da amizade, melhor será o autoconceito e a percepção dos sujeitos acerca de si mesmos, ainda que esses aspectos possam ter interferência de outros fatores.
A motivação primacial da amizade é o afeto mútuo e recíproco, é sobre oferecer apoio e ser apoiado. É um tipo de relação onde há espaço para diversão, boa companhia, empatia, afinidade, laços afetivos, suporte, lealdade e confiança numa partilha íntima onde os interesses mútuos são válidos. Ao lado de um amigo verdadeiro, é possível explorar a própria autenticidade ao ser e estar no mundo.
O papel do psicólogo nesse âmbito está em auxiliar o cliente frente às relações estabelecidas ou até mesmo na conquista de amizades mais saudáveis. Uma amizade de baixa qualidade, por exemplo, pode ocasionar um desajustamento psicossocial que deverá ser acompanhado por um profissional. Uma outra questão importante é auxiliar crianças e adolescentes a terem equilíbrio nas relações entre pares, pois isso irá interferir na construção da identidade de cada sujeito. A função da amizade e a sua valência positiva ou negativa podem ser melhor compreendidas em psicoterapia, assim como o espaço psicoterapêutico pode ajudar o cliente a ter relações de melhor qualidade.
Referências:
Souza, L. K.; Duarte, M. C. Amizade e bem-estar subjetivo. Psicologia: Teoria e Pesquisa, v. 29 n. 4, 2013.
Freitas, M. Santos, A. J.; Ribeiro, O., Pimenta, M. Rubin, K. H. Qualidade da amizade na adolescência e ajustamento social no grupo de pares. Análise Psicológica, v. 36, n. 2, 2018.
